Dia Zero - 1 de Maio - Lisboa - Bragança
O dia começou com os últimos preparativos, ainda precisava de ir buscar a chave da casa de Idanha para o fim-de-semana seguinte ao da Travessia, já que iria participar na Maratona.
Mas às 11h, estavamos a partir rumo a Bragança num autocarro expresso que ia levar quase o resto do dia até chegar ao destino final. Na viagem conhecemos o João dos Mumu da Talega, que iria pedalar connosco nos dias seguintes.
À chegada, montar as bikes, fazer check-in no hotel, jantar em conjunto com todos os participantes e primeiro briefing! Toca a ir descansar que o dia seguinte adivinhava-se bastante complicado :)
Dia Um - 2 de Maio - Bragança - Sendim
O primeiro dia não era pera doce (77kms), era aliás, segundo o acumulado de altimetria (2367m), o dia mais duro da Travessia, pelo que ia preparada para fazer a etapa com calma, na retaguarda, a fazer companhia à Berta como no ano passado, para ter baterias para os próximos dias.
Claro que nada disto acabou por acontecer assim... eu explico! :) Senti-me bem, e fui pedalando num ritmo confortável, sempre a sentir que não me estava a esforçar demasiado, acabei por não acompanhar a Berta excepto no arranque inicial, já que saímos todos juntos!
Depois fui rolando, ora sozinha, ora acompanhada, começando a travar conhecimento com o grupo, a tirar fotos quando conseguia.
Estranhamente, senti-me bastante bem durante toda a etapa e cheguei bastante bem ao fim, afinal não era assim tão complicado o primeiro dia, desde que se gerissem bem as energias!
Ao jantar uma bela posta mirandesa, segundo reza a história no local onde esta "nasceu", e depois uma caminhada para a digerir com pessoal porreiro, foi só rir!!! :)
Dia Dois - 3 de Maio - Sendim - Freixo
O segundo dia, apesar de mais curto (67kms) e menos duro (1571m), não era mesmo assim fácil!
Uma foto antes da saída na igreja em frente da Pensão Gabriela e umas pedaladas rolantes em estradão até à Bemposta, onde iriamos ter o primeiro desafio do dia, uma subida em calçada que poucos se podem gabar de ter feito do início ao fim! Mas a tarefa foi cumprida com distinção pelo Pedro Baleia e gravada em vídeo :) Óbvio que eu não passei dos primeiros metros :P
Parámos antes da antiga estação de Bruçó, para uma ZA, já que tinhamos falhado o ponto de água de Vila de Ala, mas não foi grave, ninguém ficou sequinho! Belíssima zona granítica antes de Lagoaça, que apesar das pedras grandes não era demasiado técnica e foi um trilho fantástico de se fazer.
ZA em Lagoaça, onde ficámos parados bastante tempo porque até era cedo e estava calor, até termos decidido que talvez tivessemos melhor vista no Miradouro do Carrascalinho, com uma fabulosa vista para o Douro Internacional, esmagador! Ficámos bastante tempo até ganhar coragem de sair daquele sítio fantástico e fazer o resto do caminho à torreira do sol... eu arranquei primeiro e fui pedalando com calma sempre guiada pelo "Oregãos" que foi meu grande companheiro nesta travessia (que permitia alguma autonomia para não me esgotar a seguir ninguém)!
Nova vista a merecer umas chapas foi antes de chegar a Mazouco... uma vila "pendurada" em cima do Douro! Mais uns poucos kms em estradões e chegávamos a Freixo de Espada a Cinta, com tempo de secar a roupa ao sol :) Houve quem fosse ao banho na praia fluvial... eu decidi dormir uma sesta!
Já vos disse que os jantares eram sempre fartos, regados de bom vinho e deliciosas sobremesas? Hum... Talvez ainda se recordem do relato do ano passado :D
Dia Três - 4 de Maio - Freixo - Castelo Rodrigo
No terceiro dia começávamos logo a subir à bruta! Iamos cumprir "apenas" 51kms e 1592m de acumulado, portanto, levezinho... será?
Acho que já tinha dito que começámos logo a subir, ora em terra, ora em alcatrão, sempre a empinar até ao Penedo Durão... óbvio que a vista superou logo todo o esforço... fabulosa!
Do Penedo Durão até Poiares fizemos uns trilhos nas cumeadas muito porreiros até ao alcatrão que depois de uma descida longa e rápida (tapete novo), nos levaria à Calçada de Alpajares que, segundo o briefing do dia anterior seriam 1800m em rocha granítica com 36 ganchos, a minha cara portanto... ou não!
Depois de transposto este desafio, a maioria rumou a Barca D'Alva para a ZA, mas uns quantos aguerridos voltaram a subir a calçada com a bike às costas para percorrer a outra Calçada que agora apenas é percorrida na TransPortugal e que termina numa ponte medieval, ainda dizem que é mais perigosa... deve ser por isso que é são percursos pedestres! :)
Depois da sandocha em Barca D'Alva, estava na altura de ir assar no "Forno", como é designada pela organização a zona que iriamos percorrer a seguir. Sempre a subir, com a temperatura a aumentar, valia uma brisazinha que de timidamente se fazia sentir de quando em vez! Segui o conselho do ML e tirei as luvitas, já que era sempre a subir com sol em chapa sempre ajudava a reduzir as marcas (quem vir as minhas mãos actualmente percebe que não valeu de nada!), mas o prémio da montanha havia de chegar antes de Picões da Bomba, já que era sempre a bombar até lá acima, dizem que em zonas tinha inclinações de 25% e eu cá acredito! I'm a believer!!!
Daí a Castelo Rodrigo, embora fosse a subir (o gráfico de altimetria não engana), não era um terreno de progressão difícil, e a paisagem alterava-se, passavamos para campos abertos num planalto, com muito granito e ao longe a vista das montanhas.
Mas a chegada a Figueira de Castelo Rodrigo acabava com a cereja no topo do bolo, que é como quem diz, Castelo Rodrigo no topo do monte... uma subida de alcatrão que dava algum trabalhinho, mas depois de entrar na muralha e de comer uma fatia daquela torta, a disposição mudava! Ainda andámos a percorrer a zona do castelo e eu comprei "souvenirs" como "recuerdo" do dia da mãe (era o que cabia na mochila)!!!
Depois foi sempre a descer até à Residencial e estava fechado mais um dia de pedal.
Dia Quatro - 5 de Maio - Castelo Rodrigo - Alfaiates
Esta foi uma das etapas mais calminhas que apanhámos nestes 7 dias de aventura, eram 77kms com 991m de acumulado, nada que assustasse portanto! :) Tanto que foi o dia que saímos mais tarde, por volta das 10h!
O percurso praticamente percorrido num planalto, sem grandes subidas ou descidas, em estradão rolante na sua maioria, convidava à talega! E malta aceitou o convite... :)
O primeiro ponto de paragem foi em Almeida, para o café e para as fotos, já que a entrada em Almeida é feita num singletrack que ladeia a muralha e a entrada faz-se por uma porta bastante emblemática! Muito giro!
Daí seguimos até Vilar Formoso, onde iriamos fazer a segunda ZA, que é como quem diz, o belo "almocinho" no Challet Suisse (que finess... ou não!)... Pelo caminho, descobri como fazer saltos, ok, curtinhos, mas até já sei (mais ou menos) como levantar as duas rodas do chão... sem me estampar! (ou pelo menos tive sorte até agora)
De volta ao trilho tomámos o Caminho do Carril, conhecido como a rota dos contrabandistas, nada para contar, muito rolante, até que finalmente entrámos nos últimos 10kms em trilhos diferentes, com terrenos agrícolas, pastagens, granito, e um riacho com uma pontezita bem catita para passar por cima, very very nice!
No final da etapa, decidimos não nos apearmos logo na residencial e seguir com algum do pessoal até à barragem que ficava bastante perto... mas como a água estava friazita e eu sou mariquinhas acabei por molhar só os pézinhos e as pernitas, mas soube bem na mesma :)
Dia Cinco - 6 de Maio - Alfaiates - Termas de Monfortinho
Esta foi, para mim, a etapa mais dura dos meus 7 dias de travessia: muito calor e terreno agreste. Estavam prometidos 86kms e 1819m de acumulado.
O que me assustava mais à priori era a Serra da Malcata, por tanto ter ouvido falar de que era dura e inóspita, no entanto, o mito foi desfeito à partida pelo Melo que avisou que ia custar bem mais o pós-Malcata! (e era verdade)
O início desta etapa levar-nos-ia em 12kms dos 800ms para os 1100m, o ponto mais alto destes nossos dias de travessia, a Serra do Homem de Pedra e as suas eólicas. No entanto, o terreno não era de progressão difícil e a descida que se seguiu convidava a largar travões e rolar serra abaixo até Fóios.
Aí iriamos entrar em plena Serra da Malcata, que arrancava logo com uma subida particularmente difícil, inclinada e com muita pedra, após a qual chegariamos ao topo do caminho que nos levaria pelas cumeadas sempre a vislumbrar marcos que traçavam a fronteira entre Portugal e Espanha. Apesar do isolamento, a vista obtida no cimo daquela Serra é fantástica, muitas vezes com a Serra da Estrela e o seu pico ainda nevado no horizonte. Das intermináveis subidas e descidas com muita pedra à mistura, a mais complicada foi facilmente detectada - parecia um corta-fogo!
Ultrapassado esse obstáculo (praticamente todo feito em cima da bike à excepção da curva mais inclinada), era quase sempre a descer até chegar à estrada onde estaria a carrinha da organização e a Carolina + a Carmo e a Cristina, que nos consolariam com água, fruta e outra iguarias e mimos!!! Já mereciamos, o dia estava particularmente quente e era a etapa em maior isolamento da travessia...
Posso dizer que para mim foi penoso parte do restante percurso, o calor, os kms, o isolamento, o rendilhado do terreno, senti-me a perder forças ao longo do dia, ainda para mais um furo lento obrigou a 3 paragens até à decisão de mudaça da câmara-de-ar (já quase no fim do dia). Mas lá me foram motivando, esperando por mim de quando em vez, e lá tomei o meu primeiro gel a ver se arribava! Lá arranjei forças para subir a última subida a sério do dia, sabendo que dali a uns kms podia mergulhar as pernas no Erges :)
Belíssimos trilhos ao longo do Erges até ao ponto onde o track intersectava o rio, que passava baixinho, e onde o sol reflectido nas pedras aquecia um pouco a água (ou isso ou as vacas a montante, ficou a dúvida...), mas já muita malta estava lá a banhos e não quisemos ser os únicos a não experimentar!
Estávamos quase no Hotel Termal, dali era um tirinho, e a piscina estava à nossa espera :)
Dia Seis - 7 de Maio - Termas de Monfortinho - Ladoeiro
Na ressaca da etapa que considerei mais difícil, tive de gerir um bocadinho o esforço já que, sobretudo no início, bastava forçar mais numa subida e sentia logo o ácido láctico a arder nos músculos e tinha de abrandar. No entanto, foi dando para ir avançando aos poucos (os 79kms com 1804m de acumulado).
Ponto alto: subida da calçada para Monsanto e parte da subida para o castelo - claro que foi feita em partes, não consegui fazer a calçada toda montada. A descida da calçada até ao Carroqueiro também foi feita em partes, a minha confiança ainda não me permite descer tudo, mas vai aos poucos.
Em Idanha-a-Velha, a queda, a primeira e única queda na Travessia (nos dois anos), nada de especial, numa curva na pequena calçada à saída da vila, deu para ir de joelho ao chão avaliar a dureza das pedras (gelo à noite por causa das tosses!) :)
O resto do caminho até ao IdanhaNatura sem stress, com parte em talega até à Senhora do Almortão, apenas o drop-out torto (resultado da queda) que fazia saltar algumas mudanças. Problema solucionado à chegada, assim como voltar a montar o pneu trocado no dia anterior uma vez que tinha ficado torto e fazia a rodar aos SS.
Aqui, o primeiro grupo de 4 despedia-se da travessia (ML, RM, LD e RB), amanhã era eu... :(
Dia Sete - 8 de Maio - Ladoeiro - Vila Velha de Ródão
O último dia (para mim), foi o dia com menos história (e também com menos fotos!) Eram cerca de 61kms rolantes com 1301m de acumulado.
Grande parte do caminho até aos Lentiscais, apanhámos um estradão largo, embora não excessivamente rolante, já que alguma areia, pedrinhas e vento contra, obrigavam a algum esforço na progressão, contudo, era rolante qb.
Chegámos relativamente cedo aos Lentiscais, quisemos comer rápido porque havia pessoal que tinha o combóio para apanhar de regresso a Lisboa por volta das 16h30, e isso significava chegar bem mais cedo ao destino.
Arrancámos então, apesar de o António depois ter partido ao seu ritmo, tendo a Suzana ficado connosco. O trajecto teve pontos interessantes, sobretudo o primeiro avistar do Tejo no cima de um monte! Uma ou outra subida maior, mas sem comparação às etapas anteriores.
Acabámos por chegar a VV Ródão por volta das 15h15, muito a tempo de um banhinho (gentilmente cedido pela Suzana no quarto dela, já que não tinha quarto reservado onde tomar banho).
Depois fiquei a aguardar, não por muito tempo, a chegada da Naani e do Aurélio que me deram boleia até Idanha para a Maratona do dia seguinte.
And finito...
Por este ano, a nossa aventura findou-se a Norte do Tejo! Quiçá para o ano termino as etapas que me faltam... entre Ródão e Monsaraz? No entanto, como sempre há novas reestruturações do percurso, nunca faltarão desculpas para participar uma e outra vez! :)
Estatísticas (segundo os meus dados):
516km
36h59m em cima da bike
8148m acumulado
1 queda parva
1 furo
3 barras
2 geles
1 mergulho na piscina
1 resfrescar de pernas no Rio Erges
6h30m de expresso até Bragança
Nota1: A indicação dos kms e da altimetria colocada em cada etapa é da exclusiva responsabilidade da organização! :)
Nota2: As ZA's são apenas paragens casuais para comer a "sande" ou o abastecimento num café local... não há cá ZA's como nas maratonas!
O dia começou com os últimos preparativos, ainda precisava de ir buscar a chave da casa de Idanha para o fim-de-semana seguinte ao da Travessia, já que iria participar na Maratona.
Mas às 11h, estavamos a partir rumo a Bragança num autocarro expresso que ia levar quase o resto do dia até chegar ao destino final. Na viagem conhecemos o João dos Mumu da Talega, que iria pedalar connosco nos dias seguintes.
À chegada, montar as bikes, fazer check-in no hotel, jantar em conjunto com todos os participantes e primeiro briefing! Toca a ir descansar que o dia seguinte adivinhava-se bastante complicado :)
Dia Um - 2 de Maio - Bragança - Sendim
O primeiro dia não era pera doce (77kms), era aliás, segundo o acumulado de altimetria (2367m), o dia mais duro da Travessia, pelo que ia preparada para fazer a etapa com calma, na retaguarda, a fazer companhia à Berta como no ano passado, para ter baterias para os próximos dias.
Claro que nada disto acabou por acontecer assim... eu explico! :) Senti-me bem, e fui pedalando num ritmo confortável, sempre a sentir que não me estava a esforçar demasiado, acabei por não acompanhar a Berta excepto no arranque inicial, já que saímos todos juntos!
Depois fui rolando, ora sozinha, ora acompanhada, começando a travar conhecimento com o grupo, a tirar fotos quando conseguia.
Estranhamente, senti-me bastante bem durante toda a etapa e cheguei bastante bem ao fim, afinal não era assim tão complicado o primeiro dia, desde que se gerissem bem as energias!
Ao jantar uma bela posta mirandesa, segundo reza a história no local onde esta "nasceu", e depois uma caminhada para a digerir com pessoal porreiro, foi só rir!!! :)
Dia Dois - 3 de Maio - Sendim - Freixo
O segundo dia, apesar de mais curto (67kms) e menos duro (1571m), não era mesmo assim fácil!
Uma foto antes da saída na igreja em frente da Pensão Gabriela e umas pedaladas rolantes em estradão até à Bemposta, onde iriamos ter o primeiro desafio do dia, uma subida em calçada que poucos se podem gabar de ter feito do início ao fim! Mas a tarefa foi cumprida com distinção pelo Pedro Baleia e gravada em vídeo :) Óbvio que eu não passei dos primeiros metros :P
Parámos antes da antiga estação de Bruçó, para uma ZA, já que tinhamos falhado o ponto de água de Vila de Ala, mas não foi grave, ninguém ficou sequinho! Belíssima zona granítica antes de Lagoaça, que apesar das pedras grandes não era demasiado técnica e foi um trilho fantástico de se fazer.
ZA em Lagoaça, onde ficámos parados bastante tempo porque até era cedo e estava calor, até termos decidido que talvez tivessemos melhor vista no Miradouro do Carrascalinho, com uma fabulosa vista para o Douro Internacional, esmagador! Ficámos bastante tempo até ganhar coragem de sair daquele sítio fantástico e fazer o resto do caminho à torreira do sol... eu arranquei primeiro e fui pedalando com calma sempre guiada pelo "Oregãos" que foi meu grande companheiro nesta travessia (que permitia alguma autonomia para não me esgotar a seguir ninguém)!
Nova vista a merecer umas chapas foi antes de chegar a Mazouco... uma vila "pendurada" em cima do Douro! Mais uns poucos kms em estradões e chegávamos a Freixo de Espada a Cinta, com tempo de secar a roupa ao sol :) Houve quem fosse ao banho na praia fluvial... eu decidi dormir uma sesta!
Já vos disse que os jantares eram sempre fartos, regados de bom vinho e deliciosas sobremesas? Hum... Talvez ainda se recordem do relato do ano passado :D
Dia Três - 4 de Maio - Freixo - Castelo Rodrigo
No terceiro dia começávamos logo a subir à bruta! Iamos cumprir "apenas" 51kms e 1592m de acumulado, portanto, levezinho... será?
Acho que já tinha dito que começámos logo a subir, ora em terra, ora em alcatrão, sempre a empinar até ao Penedo Durão... óbvio que a vista superou logo todo o esforço... fabulosa!
Do Penedo Durão até Poiares fizemos uns trilhos nas cumeadas muito porreiros até ao alcatrão que depois de uma descida longa e rápida (tapete novo), nos levaria à Calçada de Alpajares que, segundo o briefing do dia anterior seriam 1800m em rocha granítica com 36 ganchos, a minha cara portanto... ou não!
Depois de transposto este desafio, a maioria rumou a Barca D'Alva para a ZA, mas uns quantos aguerridos voltaram a subir a calçada com a bike às costas para percorrer a outra Calçada que agora apenas é percorrida na TransPortugal e que termina numa ponte medieval, ainda dizem que é mais perigosa... deve ser por isso que é são percursos pedestres! :)
Depois da sandocha em Barca D'Alva, estava na altura de ir assar no "Forno", como é designada pela organização a zona que iriamos percorrer a seguir. Sempre a subir, com a temperatura a aumentar, valia uma brisazinha que de timidamente se fazia sentir de quando em vez! Segui o conselho do ML e tirei as luvitas, já que era sempre a subir com sol em chapa sempre ajudava a reduzir as marcas (quem vir as minhas mãos actualmente percebe que não valeu de nada!), mas o prémio da montanha havia de chegar antes de Picões da Bomba, já que era sempre a bombar até lá acima, dizem que em zonas tinha inclinações de 25% e eu cá acredito! I'm a believer!!!
Daí a Castelo Rodrigo, embora fosse a subir (o gráfico de altimetria não engana), não era um terreno de progressão difícil, e a paisagem alterava-se, passavamos para campos abertos num planalto, com muito granito e ao longe a vista das montanhas.
Mas a chegada a Figueira de Castelo Rodrigo acabava com a cereja no topo do bolo, que é como quem diz, Castelo Rodrigo no topo do monte... uma subida de alcatrão que dava algum trabalhinho, mas depois de entrar na muralha e de comer uma fatia daquela torta, a disposição mudava! Ainda andámos a percorrer a zona do castelo e eu comprei "souvenirs" como "recuerdo" do dia da mãe (era o que cabia na mochila)!!!
Depois foi sempre a descer até à Residencial e estava fechado mais um dia de pedal.
Dia Quatro - 5 de Maio - Castelo Rodrigo - Alfaiates
Esta foi uma das etapas mais calminhas que apanhámos nestes 7 dias de aventura, eram 77kms com 991m de acumulado, nada que assustasse portanto! :) Tanto que foi o dia que saímos mais tarde, por volta das 10h!
O percurso praticamente percorrido num planalto, sem grandes subidas ou descidas, em estradão rolante na sua maioria, convidava à talega! E malta aceitou o convite... :)
O primeiro ponto de paragem foi em Almeida, para o café e para as fotos, já que a entrada em Almeida é feita num singletrack que ladeia a muralha e a entrada faz-se por uma porta bastante emblemática! Muito giro!
Daí seguimos até Vilar Formoso, onde iriamos fazer a segunda ZA, que é como quem diz, o belo "almocinho" no Challet Suisse (que finess... ou não!)... Pelo caminho, descobri como fazer saltos, ok, curtinhos, mas até já sei (mais ou menos) como levantar as duas rodas do chão... sem me estampar! (ou pelo menos tive sorte até agora)
De volta ao trilho tomámos o Caminho do Carril, conhecido como a rota dos contrabandistas, nada para contar, muito rolante, até que finalmente entrámos nos últimos 10kms em trilhos diferentes, com terrenos agrícolas, pastagens, granito, e um riacho com uma pontezita bem catita para passar por cima, very very nice!
No final da etapa, decidimos não nos apearmos logo na residencial e seguir com algum do pessoal até à barragem que ficava bastante perto... mas como a água estava friazita e eu sou mariquinhas acabei por molhar só os pézinhos e as pernitas, mas soube bem na mesma :)
Dia Cinco - 6 de Maio - Alfaiates - Termas de Monfortinho
Esta foi, para mim, a etapa mais dura dos meus 7 dias de travessia: muito calor e terreno agreste. Estavam prometidos 86kms e 1819m de acumulado.
O que me assustava mais à priori era a Serra da Malcata, por tanto ter ouvido falar de que era dura e inóspita, no entanto, o mito foi desfeito à partida pelo Melo que avisou que ia custar bem mais o pós-Malcata! (e era verdade)
O início desta etapa levar-nos-ia em 12kms dos 800ms para os 1100m, o ponto mais alto destes nossos dias de travessia, a Serra do Homem de Pedra e as suas eólicas. No entanto, o terreno não era de progressão difícil e a descida que se seguiu convidava a largar travões e rolar serra abaixo até Fóios.
Aí iriamos entrar em plena Serra da Malcata, que arrancava logo com uma subida particularmente difícil, inclinada e com muita pedra, após a qual chegariamos ao topo do caminho que nos levaria pelas cumeadas sempre a vislumbrar marcos que traçavam a fronteira entre Portugal e Espanha. Apesar do isolamento, a vista obtida no cimo daquela Serra é fantástica, muitas vezes com a Serra da Estrela e o seu pico ainda nevado no horizonte. Das intermináveis subidas e descidas com muita pedra à mistura, a mais complicada foi facilmente detectada - parecia um corta-fogo!
Ultrapassado esse obstáculo (praticamente todo feito em cima da bike à excepção da curva mais inclinada), era quase sempre a descer até chegar à estrada onde estaria a carrinha da organização e a Carolina + a Carmo e a Cristina, que nos consolariam com água, fruta e outra iguarias e mimos!!! Já mereciamos, o dia estava particularmente quente e era a etapa em maior isolamento da travessia...
Posso dizer que para mim foi penoso parte do restante percurso, o calor, os kms, o isolamento, o rendilhado do terreno, senti-me a perder forças ao longo do dia, ainda para mais um furo lento obrigou a 3 paragens até à decisão de mudaça da câmara-de-ar (já quase no fim do dia). Mas lá me foram motivando, esperando por mim de quando em vez, e lá tomei o meu primeiro gel a ver se arribava! Lá arranjei forças para subir a última subida a sério do dia, sabendo que dali a uns kms podia mergulhar as pernas no Erges :)
Belíssimos trilhos ao longo do Erges até ao ponto onde o track intersectava o rio, que passava baixinho, e onde o sol reflectido nas pedras aquecia um pouco a água (ou isso ou as vacas a montante, ficou a dúvida...), mas já muita malta estava lá a banhos e não quisemos ser os únicos a não experimentar!
Estávamos quase no Hotel Termal, dali era um tirinho, e a piscina estava à nossa espera :)
Dia Seis - 7 de Maio - Termas de Monfortinho - Ladoeiro
Na ressaca da etapa que considerei mais difícil, tive de gerir um bocadinho o esforço já que, sobretudo no início, bastava forçar mais numa subida e sentia logo o ácido láctico a arder nos músculos e tinha de abrandar. No entanto, foi dando para ir avançando aos poucos (os 79kms com 1804m de acumulado).
Ponto alto: subida da calçada para Monsanto e parte da subida para o castelo - claro que foi feita em partes, não consegui fazer a calçada toda montada. A descida da calçada até ao Carroqueiro também foi feita em partes, a minha confiança ainda não me permite descer tudo, mas vai aos poucos.
Em Idanha-a-Velha, a queda, a primeira e única queda na Travessia (nos dois anos), nada de especial, numa curva na pequena calçada à saída da vila, deu para ir de joelho ao chão avaliar a dureza das pedras (gelo à noite por causa das tosses!) :)
O resto do caminho até ao IdanhaNatura sem stress, com parte em talega até à Senhora do Almortão, apenas o drop-out torto (resultado da queda) que fazia saltar algumas mudanças. Problema solucionado à chegada, assim como voltar a montar o pneu trocado no dia anterior uma vez que tinha ficado torto e fazia a rodar aos SS.
Aqui, o primeiro grupo de 4 despedia-se da travessia (ML, RM, LD e RB), amanhã era eu... :(
Dia Sete - 8 de Maio - Ladoeiro - Vila Velha de Ródão
O último dia (para mim), foi o dia com menos história (e também com menos fotos!) Eram cerca de 61kms rolantes com 1301m de acumulado.
Grande parte do caminho até aos Lentiscais, apanhámos um estradão largo, embora não excessivamente rolante, já que alguma areia, pedrinhas e vento contra, obrigavam a algum esforço na progressão, contudo, era rolante qb.
Chegámos relativamente cedo aos Lentiscais, quisemos comer rápido porque havia pessoal que tinha o combóio para apanhar de regresso a Lisboa por volta das 16h30, e isso significava chegar bem mais cedo ao destino.
Arrancámos então, apesar de o António depois ter partido ao seu ritmo, tendo a Suzana ficado connosco. O trajecto teve pontos interessantes, sobretudo o primeiro avistar do Tejo no cima de um monte! Uma ou outra subida maior, mas sem comparação às etapas anteriores.
Acabámos por chegar a VV Ródão por volta das 15h15, muito a tempo de um banhinho (gentilmente cedido pela Suzana no quarto dela, já que não tinha quarto reservado onde tomar banho).
Depois fiquei a aguardar, não por muito tempo, a chegada da Naani e do Aurélio que me deram boleia até Idanha para a Maratona do dia seguinte.
And finito...
Por este ano, a nossa aventura findou-se a Norte do Tejo! Quiçá para o ano termino as etapas que me faltam... entre Ródão e Monsaraz? No entanto, como sempre há novas reestruturações do percurso, nunca faltarão desculpas para participar uma e outra vez! :)
Estatísticas (segundo os meus dados):
516km
36h59m em cima da bike
8148m acumulado
1 queda parva
1 furo
3 barras
2 geles
1 mergulho na piscina
1 resfrescar de pernas no Rio Erges
6h30m de expresso até Bragança
Nota1: A indicação dos kms e da altimetria colocada em cada etapa é da exclusiva responsabilidade da organização! :)
Nota2: As ZA's são apenas paragens casuais para comer a "sande" ou o abastecimento num café local... não há cá ZA's como nas maratonas!
Comentários
Que aventura maravilhosa. Parabéns pela pedalada Soraia.
Beijinhos
Sandra
Fica bem.
Miguel
Mau...
Parabens, deve ter sido "fantatstastico"
Os relatos vêm à velocidade da capacidade de me manter acordada a escrever! eheheh
Volto a dar-e os parabéns por mais esses passeiozitos :p
fico, como os restantes, à espera do resto da aventura :)
vou ficar à espera do resto...
Acho que estou a sentir uma dorzinha no cotovelo... a Travessia deve ter sido um espanto!
e depois dos 500km ainda foste até Idanha?! Isso é de Mulher! (com H grande)
Muitos Parabéns!
Adriana- Marinha Grande
Grande pedalada ;-)
Tal como o Miguel, eu gosto deste tipo de BTT, oportunidade de conhecer os trilhos do nosso Portugal.
Isto porque desde que ouvi falar dela há uns 9 anos que tenho vontade de a fazer mas ainda não pude...
Apenas fiz a pedalar algumas partes onde se podia levar o reboque entre Freixo e Alfaiates e a etapa Alfaiates-Monsanto o que ainda dá mais vontade de lá ir fazer tudo!
A calçada de Alpajares, com a tal ponte medieval ao fundo é mesmo um cenário fantástico, mas eu não a desceria em cima da bike certamente!
Fico a espera do relato das restantes etapas!
Que inveja .....:)
Boy Scout
Não só tens grande pedalada, mas também um dom com as palavras invejável.
Muito bonito o relato, magnificas fotos e o sentido de humor que faz falta para estas aventuras.
Parabéns, um abraço ao Vasco e obrigado por partilhar!
Bjs
Beta
Parabéns pela GRANDE volta.
FANTÁSTICO.
Espero que os anseiam por uma oportunidade de embarcar nesta aventura encontrem a oportunidade porque realmente vale muito a pena! ;)
Boas pedaladas para todos!
Soraia
Só uma coisinha. Quanto tempo passaram mais ou menos em cada etapa!!
Boas pedaladas!!
Para veres um resumo dos dados das etapas podes ver o seguinte link: http://www.mycyclinglog.com/profile/ASG, no entanto, há sempre que relembrar um dos pilares da travessia: é uma viagem!!! :)
Boas pedaladas,
Soraia
É uma aventura que fica marcada dentro de nós,e quem a faz, todo o esforço é contemplado pelos cenários únicos.Tal é a marca que fica dentro de nós, que, tenho a certeza que quando tiver netos ainda estarei a contar tal aventura.
No meu ponto de vista considerei esta viagem, uma espécie de viagem espiritual,talvez por tê-la feito sózinho deu para pensar em muita coisa da vida.
Que alcances todos os teus objectivos na vida, nem que tenhas que fazer outra vez a travessia para os alcançar ;)
beijinhos
Tiago Domingues