Andava ansiosa com esta prova, sabia que me iria deleitar com as paisagens, no entanto, sabia que era demasiado exigente para o meu atual estado de forma. Mesmo assim, precisava de "treinar" percursos difíceis já que o Peades d'Aigua será exatamente um mês após esta prova, e é só um bocadinho GRANDE mais difícil.
Lá estávamos nós no Bioparque de Carvalhais, no dia de Portugal, prontos para a partida às 8h30 da manhã:
O João foi apenas treinar e acabou por me fazer companhia grande parte da prova.Partida dada e, como boa prova de skyrunning, não há cá clemência, é para começar logo a subir :-) Ainda consegui ir a trote um bocadinho, mas tornou-se insustentável, sobretudo sabendo o que me esperava! Só nos primeiros 2,4kms subimos 330md+ para aguçar o apetite!
Mas este percurso vale o esforço (by João Oliveira) |
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by Fracisco Soares |
Uma descida e uma bela subida depois chegamos ao topo da descida para Gourim onde, mesmo ao lado do trilho, foi colocado o belo do baloiço, mesmo em prova, não resisti ao apelo 😝
A foto no baloiço e atrás aquela bela subida onde o Tiago Ferreira bateu o recorde mundial da maior ascensão vertical em BTT cumprida em 24 horas |
A descida era bem técnica, e bem lá no fundo, o 1.º abastecimento, na base de um trecho do percurso afundado num vale de xisto, belíssimo, no qual passava um riacho na base e era praticamente paralelo ao estradão serpenteante culminando exatamente no cruzamento do estradão do Tiago Ferreira e o estradão da cumeada da serra. É nesta fase que conhecemos a Marisa, estava desmoralizada e com vontade de desistir, conseguimos convencê-la a vir connosco e conversámos toda a descida para Drave.
Esperávamos encontrar um ponto de água em Drave, mas não o vimos, a Marisa desesperava por água. O João desceu ao rio a encher o flask com filtro, e apanhou-nos mais tarde.
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Subida de Drave by Diogo Sousa não, não é aquele estradão lá atrás é mesmo pelo meio do mato e das pedras |
A subida de Drave é dura, mas acaba por ser uma subida gira porque tem alguma pedra, mesmo assim tem uma pendente de 36% nos seus 870m. Chegando lá acima há finalmente um trecho que convida a correr e em breve apanharíamos a descida para o Fujaco, um estradão com 2,75kms que desce 444m. Embalamos, mas eu fui cautelosa para não dar cabo das pernas para a subida mais exigente de todas, a subida do Fujaco.
Quase no final da descida, existe um tanque que convida a molharmo-nos, já que o calor aperta e tudo é uma desculpa para baixar a temperatura do corpo. Na aldeia temos o 2.º abastecimento, e único abastecimento de sólidos, por volta dos 15kms mas onde já temos cerca de 1350md+. Erro crasso nesse abastecimento.... Pepsi MAX! Temos por hábito beber coca-cola para ir buscar o açúcar e a cafeína (e algum sódio), só que a Pepsi Max não tem açúcar... resultado, eu estava bem hidratada (entre água e tailwind) e fui comendo qb durante o percurso, levando ainda comigo do abastecimento 2 pacotinhos de gomas, um deles marchou logo a meio do Fujaco; mas o João, entretanto tinha perdido um flask pelo caminho, tinha dado alguma água à Marisa e tinha-se esquecido de comer achando que a Pepsi ia revigorá-lo....
Começamos a subir o Fujaco ainda com a Marisa (soubemos depois no topo que ela tinha voltado para trás), e de repente o João começou a denunciar um cansaço que não é normal nele. Foi nessa altura que me caiu a ficha e realizei que era Pepsi Max e não Pepsi normal... nessa altura, tive o meu guerreiro sempre pronto para a luta a quebrar forte e feio! Convenci-o a comer e a Salt Bar que ele trazia ainda o conseguiu levar ao topo do Fujaco sempre na luta (1,44kms com 505md+ ou seja 35% inclinação). Lá me anunciou que ficava por ali, o calor e falta de hidratação tinham-no quebrado demais. Mesmo assim estava com melhor ar do que os muitos zombies que passámos durante a subida!
Aproveitei para tirar as pedras dentro das sapatilhas e lá me fiz ao caminho, estava determinada em terminar a prova, já tinha feito o mais difícil, tinha mais de 1800md+ nos 17kms percorridos e faltavam menos de 10kms e cerca de 300md+. No entanto, não eram os 10kms mais corríveis que já fiz 😜
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by Fritz Fritz |
Antes de começar finalmente a descer para o Bioparque, a organização tinha colocado um posto extra de abastecimento de líquidos que foi fundamental. O dia esquentava e o percurso é todo muito exposto e torna-se ainda mais duro por isso, o que nos vale é que mesmo assim lá vamos passando por uns riachos e eu fui molhando o chapéu e, no final, o buff que acabei por colocar molhado ao pescoço para me ajudar com o calor.
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A partir daqui era quase sempre a descer - uma das únicas fotos que tirei |
Quando começo a ouvir a voz do Joca e percebo que já estou próxima do final, ganho novo ânimo, não que tenha vindo a pastelar antes, mas saber que o fim era já ali, a modos que arrebita! Começo a última subida em paralelo já dentro do Bioparque e está a dar o Light My fire dos Doors e eu só quero cortar a meta enquanto a música ainda dá. Chego mesmo no finalzinho!
by João Oliveira |
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Cortesia do amigo Google Photos |
Já tinha o meu homem à minha espera, que já tinha chegado juntamente com mais malta que tinha ficado pelo caminho! Fiquei tão feliz! Valente empeno de 6h29m para 26,4kms e 2200md+!
Foi meia hora acima do tempo que eu achei que podia demorar, mas o calor que se fez sentir não ajudou, e não me posso esquecer que foi a minha primeira prova de skyrunning mais à séria, assim mesmo à bruta, e que o treino não tem sido muito consistente, pelo que voltei a conseguir não ser a última e isso já me basta 😂 isso e saber que mesmo assim pontuei para a equipa 🙌
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