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Pisão Skyrunning ou como fui conhecer o Portal do Inferno

 Como já era do conhecimento público, uma vez que tinha concluído com sucesso a prova do Louzan Sky, permitir-me-ia a deslocar-me até ao Bioparque do Pisão para iniciar o Pisão Skyrunning. 

E digo iniciar porquê? Porque naquele mês entre o Louzan e o voltar a alinhar na partida de uma prova na serra da Arada, pouco de relevante se passou em termos de treino, sendo brutalmente honesta: 

- tinha havido aquela espécie de corrida na Estrela na quarta-feira a seguir à prova, 

- depois lá fui estrear os Scarpa Infinity no meu aniversário, o que foi coisa para menos de 8kms devido aos diversos erros de casting (estreia de sapatilhas novas ao mesmo tempo de palmilhas novas e meias com dedos... perfeito! Só que não!), 

- para além disso, só o empeno do Backyard Outrun-Pé no Monte que ainda valeu cerca de 20kms de corrida e mais 25kms em BTT em 5 horas, no verdadeiro espírito Backyard com partidas a todas as horas certas, mas os meus pés desistiram de mim na 5.ª volta e eu não insisti mais!

Para tornar a história mais suculenta, o João tinha descoberto, nessa semana que estava inscrito no Pisão Extreme e não se lembrava... pois!

De Lisboa partimos eu, o João, o Wes e a Rita. Chegámos a tempo de levantar os kits de atleta o que foi bem bom e o João levantou o kit de atleta que tinha direito e já foi com sorte ;-) Fomos a Vouzela jantar, e eu que não queria beber fui presenteada com um tinto maravilhoso e irresistível com aquela vitela tenrinha... claro que depois dormir bem foi mais difícil 🙈

Sábado era dia de prova e estavamos mais ou menos assim, o João a modos que ia em modo treino, o Wes em modo matador, a Rita ia acabar (e buscar um pódio) e eu só queria fazer os kms que não faziam parte do Arada Sky Race, queria conhecer o Portal do Inferno e, por mim, estava bom assim, sabia que não estava em condições de conseguir terminar, porque sem ritmo não era fácil passar o tempo de corte...

Antes da partida foi altura de dizer olá aos diversos amigos das corridas que por lá andavam, e eram bastantes, tão bom 💚

Modo conservador ON e embora lá enfrentar a prova!

O início não trazia nada de novo, era conhecido da prova da Arada, apesar de não me lembrar que alguns trechos eram mais longos, mais inclinados, mais duros, mais pedregosos... mas com este tempo tudo se tornava mais fácil, não estava o calor abrasador que esteve em Junho!

by João Teixeira

Chegada ao baloiço desta vez sem paragem para foto 😁 toca a descer para Gourim, juro que puseram mais pedras desde Junho 😈

A subida que me lembrava ter sido um forno, foi bem mais simpática e terminou dentro do tempo previsto.

by João Teixeira

Daqui, iniciávamos a descida para Drave. Juro que estava sozinha, achei que era a última e que não havia ninguém a dezenas de minutos... Creio que falhei mais uma vez as marcações ao entrar na aldeia, mas de repente lá dei com as fitas, era hora de começar a subir, mas totalmente sozinha andava às apalpadelas, consegui enganar-me a entrar na subida e quando voltei para trás dei um bate-cú, decidi abrir os bastões ao mesmo tempo e pimbas, pus mal o pé numa pedra lisa e zás! Levantei-me, sacudi-me para voltar a acomodar o meu orgulho magoado e toca a meter ritmo na subida. Passado um pouco comecei a ouvir vozes, finalmente estava a começar a apanhar malta, não tarda estavamos a atingir o topo da subida. A minha "zona de conforto" terminava ali... a partir de agora desbravava novos trilhos, era disto que estava à espera 😍

Do topo vislumbrava-se um vale, em frente, uma parede e umas pessoas pequeninas a subir... oh vamos subir aquela parede??? 😱 A descida era feita em z's, com muita pedra, mas não demasiado técnica, tivesse eu pernas e não fosse tão maricas teria descido rapidinho. Lá em baixo, um ribeiro... já estava seca de um flask, toca a meter água e despejar o pó de Tailwind... e rezar que aquela água estivesse mais ou menos boa! Começa a subida, empinada desde o início, com alguns momentos de escalada, mas mesmo muito fixe, dava luta e eu gostei!

by Fritz

No topo, o primeiro fotógrafo oficial (e único) que encontro na prova, o Fritz. Queria apanhar malta com ar acabadinho? Eu vinha a delirar 😍

A parte seguinte era relativamente rolante, no topo da serra, muito exposta ao vento, comecei a ficar gelada, como perto ia um companheiro de trilhos, pedi-lhe ajuda para tirar o impermeável de dentro da mochila. Ainda bem que o fiz, para além do vento, ainda cairam umas pingas. As descida para as Covas do Monte ainda foi longa e dura, mas lá cheguei ao abastecimento. Fomos avisados que nos deviamos despachar, que ainda era possível mas que começava a ser apertado passar no corte de tempo.

Arranquei, eu e a Paula, ela sem qualquer vontade, já tinha feito a prova em 2019 debaixo de chuva, mas este ano não tinha vontade de continuar, mas o marido convenceu-a a continuar comigo. Fomos as duas direitas ao Portal do Inferno, que trilho maravilhoso, escarpas encaixadas num vale com carvalhos antiquíssimos, lajes de xisto, inclinações brutais. Um longo caminho até chegar ao topo!

Ao contrário do que esperávamos, no topo não era o corte de tempo, havia uma ligação com uma subida ainda agreste e depois apanhávamos o trilho que se apanhava quando na prova da Arada se subia de Drave. O corte seria no estradão antes do início da descida para a aldeia do Fujaco. 

Como era esperado, chegámos ao corte depois do tempo, 18 minutos depois do tempo, apesar de algum desânimo, estava em paz, cumpri o meu desígnio, era aqui que queria chegar, pude conhecer a parte que ainda não conhecia, e de facto, não me restava grande energia para enfrentar o restante trajecto, sei que faria a descida para o abastecimento e a subida do Fujaco, mas daí para a frente sei que seria um sacrifício!

O marido da Paula foi buscá-la, juntamente com os amigos e deram-me boleia até ao BioParque, malta bem porreira e a que, agradeço a boleia! Pelo caminho ainda me cruzei com várias pessoas conhecidas, como a Marisa Bregieiro, e a Helena Marques que subia de carro para ver se via o Gonçalo a passar no Fujaco.

Na meta estava a malta toda, combinámos jantarada em São Pedro do Sul, foi uma festa!

No dia seguinte, eu, o João e o Wes fomos tomar o pequeno-almoço a Vouzela, depois o João foi-me levar à Pousada (arrancando com o Wes para a Estrela), onde o Gonçalo iria apanhar-me a mim e à Rita para nos levar para o Bioparque. Ficámos as duas na meta com o Joca a fazer a festa para quem chegava, deu para tudo, cantoria, claque, risota! Foi bem giro!

Comemos, vimos os pódios do Gonçalo e da Mariana Prudêncio, e voltámos de boleia com a Cristina e o Nuno, que nos fizeram o favor de nos deixar mesmo à porta de casa.

Foi um belo fim de semana 💚

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