Depois de muita preparação, dedicação e esforço esta época, eis chegado o momento de pôr à prova todo o tempo despendido a treinar.
Um destino como o Hawaii era motivo suficiente para querer enfrentar o desafio, mas mesmo com todo o treino feito estava receosa sobre o que iria encontrar, sobretudo em termos de clima. Mas a verdade é que chegámos com uma semana de antecedência, para nos ambientarmos, descansarmos e entrarmos na rotina do novo fuso horário - sim, são 10h de diferença!
A semana antes supunha algum descanso e as tão aguardadas férias, mas não podíamos deixar a forma totalmente de lado... tinha de continuar a haver algum treino... como não podia deixar de ser, e porque fomos 2 semanas, levámos a nossa Piruças connosco, pelo que tínhamos de treinar à vez, mas assegurámos que tínhamos uma babysitter de confiança para ficar com ela durante a prova, não deixando isto de nos causar algum nervoso miudinho, porque no Hawaii não falam português, certo? ;-)
Mas é da prova que quero falar...
...o reconhecimento do BTT tinha-me deixado um bocadinho nervosa, não percebo bem porquê :-P
Mas a verdade é que entretanto o terreno praticamente secou e não foi tão duro como estava previsto a meio da semana antes. Mesmo assim, no reconhecimento, e com uma bike alugada (Specialized Stumpjumper Saphire 26') não foi a lama que me parou e até me senti confiante.
Era o dia da prova, chegámos cedo, aquecemos, colocámos as nossas coisinhas e fomos para a praia fazer uma entrada e ver como estava o mar... e estava grande... ondas grandes e corrente, não íamos ter a tarefa facilitada! Por isso tinhamos de discutir a estratégia :-P
As mulheres age-groupers foram as últimas a entrar na água... e qdo tocou a buzina a adrenalina apoderou-se de mim! Mas o spot mais à direita na praia não foi bem escolhido, o chão era de pedra e eu não sabia, perdi tempo e magoei-me nos pés; quando finalmente pude mergulhar e começar a nadar já tinha perdido algum tempo. A chegada até à 1.ª bóia parecia que nunca mais chegava, e foi difícil, mas aquele azul profundo era algo brutal de ser visto! Tempo de voltar a terra, corridinha e toca a enfrentar de novo as ondas... Nem quis acreditar quando cheguei a terra firme! Esta parte estava feita - a mais difícil, achava eu na altura! Demorei mais tempo do que o previsto e ainda perdi mais tempo a tirar a areia dos pés :-P
Chegada à bike, toca a despachar, colocar o camelbak e seguir... as luvas coloco mais tarde... mas decidi colocá-las cedo demais, ainda no acesso de tarmac aos trilhos, a tentar calçar a mão direita perco o controle do guiador e mando um enorme espalho para o lado esquerdo. Senti-me logo dorida, tinha a mão e o cotovelo esquerdo em sangue, sentia o braço dorido, a anca e a perna a arder, mas decidi que não podia ficar por ali, então vinha ao Hawaii para ficar logo por ali? Calcei a luva por cima de todo aquele sangue e montei-me na bike e lá fui eu. A verdade é que não conseguia segurar como deve ser no guiador e o braço estava sem força, mas sempre achei que estava dorido da queda... Foram os 30kms mais sofridos que fiz, não consegui fazer uma prova ao nível que esperava (nem perto disso), as subidas também custavam, e muitas descidas que fiz no reconhecimento mesmo com toda a lama tive de as fazer a pé, o braço não aguentava a força necessária para travar, mas eu já só queria chegar ao parque de transição antes do cut-off. O que mais me custou foi fazer subir a bike num topo muito inclinado que até a pé era difícil subir, o braço não tinha força e tinha de empurrar a bike e tentar manter o equilíbrio, foi um verdadeiro desafio e só me apetecia chorar com as dores e pensei que ficasse ali sem conseguir passar esse ponto, com uma câmara a filmar a minha dificuldade e sem qualquer ajuda. Mas lá passei... os últimos kms também foram muito cansativos, tudo em single tracks apertados, com muitas descidas e eu a ter de descer da bike por falta de força, ainda tentei e voltei a cair numa descida em gancho, indo com a mão esquerda ao chão (sim, porque quando é para ser, é para ser em grande!) Quando as minhas rodas voltaram a pisar o alcatrão e olhei para o relógio, uma enorme emoção apoderou-se de mim.... tinha conseguido, estava feito, acabou-se o BTT e ainda posso fazer a corrida :-)
Coloco a bike, mudo os sapatos, calço novas meias e as sapatilhas de trail, não tiro as luvas (tinha lá coragem) e meto a pala do XTERRA na cabeça... bora lá, só faltam 10kms de trail!!! A corrida correu-me bem, acho que por ter poupado as pernas no BTT ainda tinha forças para as subidas. De braço meio dobrado para não ter dores, lá fui eu ligeirinha a passar alguns dos atletas que me tinham passado no BTT, o braço praticamente não me incomodou à excepção da altura em que tive de saltar por cima de um tronco, de resto, senti-me bem à excepção do segmento final de corrida na areia que já custou um bocadinho, mas a meta estava logo ali!
De novo, emocionei quando entrei no corredor da meta... já quase vazio, mas o meu CC estava no final, à minha espera, preocupado, mas a postos para me tirar a minha foto para a posteridade, já que os fotógrafos já tinham decidido que os últimos não tinham direito a foto da chegada, o que sinceramente acho um grande falta de respeito pelos atletas e pelo seu esforço!
Após reposição de energia, eu e o CC rumámos ao parque de transição, eu estava a começar a ficar com muitas dores, o CC foi devolver a minha bike e eu rumei ao "hospital de campanha" da prova, onde me limparam as feridas, ou melhor, rasparam... como a minha tensão desceu, decidiram colocar-me a soro, ligaram-me a mão e o cotovelo, ensinaram o CC a tratar-me das feridas, deram-me material para fazer os tratamentos e informaram-me que havia possibilidade de ter fracturado a tacícula radial esquerda (cabeça do rádio, junto ao cotovelo esquerdo).
Um destino como o Hawaii era motivo suficiente para querer enfrentar o desafio, mas mesmo com todo o treino feito estava receosa sobre o que iria encontrar, sobretudo em termos de clima. Mas a verdade é que chegámos com uma semana de antecedência, para nos ambientarmos, descansarmos e entrarmos na rotina do novo fuso horário - sim, são 10h de diferença!
A semana antes supunha algum descanso e as tão aguardadas férias, mas não podíamos deixar a forma totalmente de lado... tinha de continuar a haver algum treino... como não podia deixar de ser, e porque fomos 2 semanas, levámos a nossa Piruças connosco, pelo que tínhamos de treinar à vez, mas assegurámos que tínhamos uma babysitter de confiança para ficar com ela durante a prova, não deixando isto de nos causar algum nervoso miudinho, porque no Hawaii não falam português, certo? ;-)
Mas é da prova que quero falar...
...o reconhecimento do BTT tinha-me deixado um bocadinho nervosa, não percebo bem porquê :-P
Mas a verdade é que entretanto o terreno praticamente secou e não foi tão duro como estava previsto a meio da semana antes. Mesmo assim, no reconhecimento, e com uma bike alugada (Specialized Stumpjumper Saphire 26') não foi a lama que me parou e até me senti confiante.
Era o dia da prova, chegámos cedo, aquecemos, colocámos as nossas coisinhas e fomos para a praia fazer uma entrada e ver como estava o mar... e estava grande... ondas grandes e corrente, não íamos ter a tarefa facilitada! Por isso tinhamos de discutir a estratégia :-P
As mulheres age-groupers foram as últimas a entrar na água... e qdo tocou a buzina a adrenalina apoderou-se de mim! Mas o spot mais à direita na praia não foi bem escolhido, o chão era de pedra e eu não sabia, perdi tempo e magoei-me nos pés; quando finalmente pude mergulhar e começar a nadar já tinha perdido algum tempo. A chegada até à 1.ª bóia parecia que nunca mais chegava, e foi difícil, mas aquele azul profundo era algo brutal de ser visto! Tempo de voltar a terra, corridinha e toca a enfrentar de novo as ondas... Nem quis acreditar quando cheguei a terra firme! Esta parte estava feita - a mais difícil, achava eu na altura! Demorei mais tempo do que o previsto e ainda perdi mais tempo a tirar a areia dos pés :-P
Chegada à bike, toca a despachar, colocar o camelbak e seguir... as luvas coloco mais tarde... mas decidi colocá-las cedo demais, ainda no acesso de tarmac aos trilhos, a tentar calçar a mão direita perco o controle do guiador e mando um enorme espalho para o lado esquerdo. Senti-me logo dorida, tinha a mão e o cotovelo esquerdo em sangue, sentia o braço dorido, a anca e a perna a arder, mas decidi que não podia ficar por ali, então vinha ao Hawaii para ficar logo por ali? Calcei a luva por cima de todo aquele sangue e montei-me na bike e lá fui eu. A verdade é que não conseguia segurar como deve ser no guiador e o braço estava sem força, mas sempre achei que estava dorido da queda... Foram os 30kms mais sofridos que fiz, não consegui fazer uma prova ao nível que esperava (nem perto disso), as subidas também custavam, e muitas descidas que fiz no reconhecimento mesmo com toda a lama tive de as fazer a pé, o braço não aguentava a força necessária para travar, mas eu já só queria chegar ao parque de transição antes do cut-off. O que mais me custou foi fazer subir a bike num topo muito inclinado que até a pé era difícil subir, o braço não tinha força e tinha de empurrar a bike e tentar manter o equilíbrio, foi um verdadeiro desafio e só me apetecia chorar com as dores e pensei que ficasse ali sem conseguir passar esse ponto, com uma câmara a filmar a minha dificuldade e sem qualquer ajuda. Mas lá passei... os últimos kms também foram muito cansativos, tudo em single tracks apertados, com muitas descidas e eu a ter de descer da bike por falta de força, ainda tentei e voltei a cair numa descida em gancho, indo com a mão esquerda ao chão (sim, porque quando é para ser, é para ser em grande!) Quando as minhas rodas voltaram a pisar o alcatrão e olhei para o relógio, uma enorme emoção apoderou-se de mim.... tinha conseguido, estava feito, acabou-se o BTT e ainda posso fazer a corrida :-)
Coloco a bike, mudo os sapatos, calço novas meias e as sapatilhas de trail, não tiro as luvas (tinha lá coragem) e meto a pala do XTERRA na cabeça... bora lá, só faltam 10kms de trail!!! A corrida correu-me bem, acho que por ter poupado as pernas no BTT ainda tinha forças para as subidas. De braço meio dobrado para não ter dores, lá fui eu ligeirinha a passar alguns dos atletas que me tinham passado no BTT, o braço praticamente não me incomodou à excepção da altura em que tive de saltar por cima de um tronco, de resto, senti-me bem à excepção do segmento final de corrida na areia que já custou um bocadinho, mas a meta estava logo ali!
De novo, emocionei quando entrei no corredor da meta... já quase vazio, mas o meu CC estava no final, à minha espera, preocupado, mas a postos para me tirar a minha foto para a posteridade, já que os fotógrafos já tinham decidido que os últimos não tinham direito a foto da chegada, o que sinceramente acho um grande falta de respeito pelos atletas e pelo seu esforço!
Após reposição de energia, eu e o CC rumámos ao parque de transição, eu estava a começar a ficar com muitas dores, o CC foi devolver a minha bike e eu rumei ao "hospital de campanha" da prova, onde me limparam as feridas, ou melhor, rasparam... como a minha tensão desceu, decidiram colocar-me a soro, ligaram-me a mão e o cotovelo, ensinaram o CC a tratar-me das feridas, deram-me material para fazer os tratamentos e informaram-me que havia possibilidade de ter fracturado a tacícula radial esquerda (cabeça do rádio, junto ao cotovelo esquerdo).
Mas, como há cerca de 7 anos e meio tinha já fracturado o braço direito da mesma forma e as dores agora eram menores, achei que afinal estava só dorido! Só 3 dias depois, quando continuava a não conseguir fazer a supinação é que desconfiei que afinal a coisa devia ser pior; mas estava quase de regresso a Portugal, pelo que só no regresso fui ao hospital fazer o raio-X e o diagnóstico foi confirmado...
A semana de férias que me esperava no pós-prova não seria já como tinha esperado, não pude surfar, nem fazer snorkeling, mas lá ia de saco de plástico no braço para a praia para não encher as feridas de areia e não me arder com salpicos de água... deu para descansar e para alguns passeios, para ler bastante e para brincar pouco com a minha Piruças porque não conseguia pegá-la e dar mergulhos com ela :-(
Ficam algumas imagens das férias e do "sonho"...
ALOHA!!!
Comentários
Mas acho q para sempre ficam as emoções que vivemos guardadas nos nossos corações e nas nossas recodações, verdade?
És uma SURVIVOR, como bem diz a medalha q tens lá em casa.
Bom, temos de lá voltar para vingares isso não achas?? ;-)
Beijo e agora juizinho na recuperação :-)