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Cicloférias

Enquadramento

Os planos mudam e ajustam-se ao que vamos vivendo. A primeira ideia era atravessar Trás-os-Montes e o Minho de jipe e pelo meio ir fazendo umas corridas ou dar umas pedaladas. Mais tarde, descemos o plano até às Montanhas Mágicas. Entretanto, o jipe avariou a 15 dias das férias e mais uma vez teriamos de ajustar os planos. No brainstorming, surgiu a Ecopista do Dão, algo que estava na minha wishlist há muito tempo e que era fantástico poder percorrer a dois. No meio das pesquisas, descobrimos a Ecopista do Vouga, e de repente, tínhamos um percurso de 4 dias montado com tracks daqui e dali. Ambicioso diriam desde logo as minhas pernas com pouco treino nos últimos tempos e mais ainda o meu rabiosque que já não está calejado. Mas, no meio do nervoso miudinho com a empreitada, estava também a vontade de poder partilhar estes dias de pedal com a minha melhor companhia.

Prólogo

Na véspera, quando achávamos que tínhamos tudo orientado, o meu mecânico preferido descobre, depois de desmontar a grade de carga da dobrável, que afinal, primeiro, a grade era pequena para a minha Sobre e segundo que a minha Sobre nem sequer tinha apoios para grade de carga! O pânico!

Fomos dormir sobre o assunto... de manhã, com uma outra grade antiga que andava cá por casa, montámos à base de zipties e fita americana, a dita na traseira da minha Sobre... convictos na fezada que a coisa não se ia desmontar toda!


Por momentos considerei levar mochila às costas, mas sabia que ia ser a morte da artista em menos de nada! Os alforges também não encaixavam e inventámos com apenas um dos alforges e cabos elásticos para prender carga, e ainda uns protectores de mochila de caminhada impermeáveis para tentar isolar caso a Danielle (a tempestade que estava para chegar) nos pregasse uma partida.

Depois de tudo orientado, lá partimos rumo ao dia zero, onde iriamos pernoitar em Santa Comba Dão. 


Demos com a festa dos Bombeiros e fomos crashar a festa, mas não ficámos para o concerto que já começava a fazer-se tarde.

Dia 1 | Ecopista do Dão

Amanhecemos cedo, que a logística do primeiro dia ainda não estava afinada. Entre o arrumar o que ia e o que ficava, só nos fizemos ao caminho já era quase 10h da manhã.

O dia estava bonito! Nem vislumbre de Danielle. Também nem vislumbre do início da ecopista. Toda a zona da estação está num verdadeiro estaleiro de obras e tivemos de colocar a imaginação a funcionar para dar com a dita cuja, digamos que trespassámos sítios menos próprios, mas completamente abertos e depois foi navegar até darmos com a ela e abrirmos um "portão" à má fila!

Quando finalmente nos encontramos a pedalar começamos a deslumbrar-nos... o início é fechado num bosque de carvalhos e é impossível não ficar maravilhado. Após uns kms o Dão começa a acompanhar-nos, mas dá dó ver o quão baixa está o seu caudal. Lindo na mesma, mas sabemos o impacto natural que tem.

Começamos a passar pontes, túneis e antigas estações e apeadeiros, algumas recuperadas e transformadas em cafés/restaurantes.

Fizemos a 1.ª paragem na estação de Tondela, no café Ninho D'arara, já com cerca de 24kms. Coca-cola, algo doce que alimente e um café. Siga!

A 2.ª paragem já foi feita em Parada de Gonda, cerca de 10kms depois. O calor fazia apetecer uma água com gás e um gelado :-)

A partir daí foram aparecendo vários cafézinhos ao longo do percurso. Passámos a estar mais expostos também a paisagem mais urbanizada e/ou agrícola!

Impressionante era a ponte de Mosteirinho, com o seu chão metálico que quase fazia vertigens.

Continuamos a serpentear até fazermos a aproximação a Viseu. O calor apertava mas chegamos ao destino!


Mas não ficámos por aqui, subimos até ao pé da Sé de Viseu para o repasto :-) Mesmo à chegada, alguém conseguiu partir a corrente e teve de a concertar, pelo menos a saborear uma SuperBock Stout 😍

A seguir rumámos à Pousada da Juventude onde iríamos pernoitar, não contentes com a tirada do dia, ainda decidimos ir à Decathlon que é só no final de tudo. Ainda aproveitamos para jantar na Feira de São Mateus.



Dia 2 | Ecopista do Vouga

O dia amanheceu farrusco, à saída da Pousada da Juventude ainda chuviscou. 

Melhor ainda, um dos pneus da bike do João estava a perder ar e percebemos que estávamos com dificuldades em enchê-lo porque o adaptador que comprámos na Decathlon não estava a funcionar bem, nem na bomba conseguimos. Acabámos por encontrar uma antiga casa de bicicletas no nosso percurso que nos safou com um adaptador dos bons e lá seguimos descansados e de pneu cheio. 

Todo o início do percurso é feito por estrada, passamos por algumas zonas residenciais, só mais perto da Bodiosa começa a existir um caminho definido, mesmo assim, ao contrário da ecopista do dia anterior, a ecopista do Vouga não é totalmente contínua, existem zonas em que a antiga linha é agora estrada. Foi uma questão de irmos navegando. O dia estava mais instável e em algumas alturas chovia, normalmente quando eu tinha acabado de tirar o impermeável 😁

Como não parámos na Bodiosa para café, passámos os kms seguintes a ansiar por um cafézinho, mas nada... nem em São Pedro do Sul. Sendo que é por aí que passamos a 1.ª ponte bonita, das várias que haveriamos de passar. 


Mais à frente haveriamos de andar à nora para encontrar a entrada do trilho, mesmo antes de virar para as Termas, mas lá demos com uma entrada do cabresto ao lado da estrada. Resultado, café só em Vouzela, e fomos ao cafézinho na praça que já conheciamos de outras aventuras. Atestados de energia e café, estávamos prontos para nos fazermos novamente ao caminho!




Saída pela ponte da locomotiva, e no seguimento, haveriamos de percorrer mais pontes e caminhos embrenhados no meio da floresta. 


Parámos novamente para abastecer na Paradela, caiu uma chuvada, mas lá nos fizemos à estrada e seguimos caminho. Esta secção é muito gira e começamos a aproximar-nos do Vouga e temos vistas mesmo bonitas, percorrendo uma cota alta com o rio lá em baixo.

Antes de chegarmos a Albergaria-a-Nova, ainda fizemos uma secção de todo o terreno após passarmos por Sernada do Vouga. Percorremos as ruas de Albergaria fazendo um reconhecimento de onde iríamos pequeno-almoçar no dia seguinte ;-) 

Lá demos com o nosso estúdio, pouco depois do mercado. Rumámos a pé ao mercado mais tarde para jantar no Sabores da Praça, onde conhecemos a La Salette, a simpática dona do espaço que nos acolheu de uma forma muito simpática e que partilhou connosco histórias de outros viajantes, uma vez que é ponto de passagem dos Caminhos de Santiago.

Em resumo, no seu todo, a Ecopista do Vouga é mais bonita que a do Dão, tendo apenas o inconveniente de não ser contínua e de terminar quase repentinamente. Mas foi um belo empeno, porque é bem mais longa!

Percurso do dia: https://www.strava.com/activities/7796554220


Dia 3 | Albergaria - Luso

Acabaram-se as ecopistas. O percurso de hoje foi construído com os mapas de calor do Strava, tentando encontrar um equilíbrio de BTT com estrada. Acho que conseguimos cumprir grande parte do percurso, mas a instabilidade do meu porta bagagens que cedeu a meio do caminho no meio de um arrozal, a queda que mandei na descida para a Pateira por uma travagem escorregadia e a chuva que ia caindo por vezes, acabou por nos fazer abandonar a terra batida e optarmos por seguir por estrada o resto do caminho até ao Luso, a partir de Oliveira do Bairro onde estourei. Daí para a frente, foi sempre em esforço. E a subida para o Luso? Já não sabia o que era pior, se o cansaço ou a dor no rabo a pressionar no selim por causa da inclinação da subida!

Chegámos todos cheios de lama e encharcados, mas o sr. lá nos arranjou local para guardarmos as bikes na garagem e lá fomos tomar um fantástico banho quente, depois ainda saímos para lanchar que estávamos mortos de fome e voltámos para descansar o esqueleto. Só saímos novamente para um belo jantar, pena é que o restaurante que nos tinham recomendado estava fechado :-(

Entretanto o telemóvel do João pifou com a chuva e a humidade para não mais recuperar :-(










Dia 3 | Albergaria - Luso

Partimos para o último dia de aventura depois de termos reformulado os planos iniciais, eu com a grade da bike periclitante e as pernas mais ou menos no mesmo estado, e o João sem telemóvel. O primeiro  plano alternativo, antes do telemóvel falecer, era eu ir por estrada e o João fazer o plano inicial do track parcial da Gravosesfera, mas sucedendo que o telemóvel faleceu, lá fomos os dois estrada fora.

Mas para a coisa não ser muito fácil, à saída do Luso apanhámos logo com uma bomboca, não sabia eu que era a subida mais inclinada do Luso. Até era difícil empurrar a bike, dado o pesada que estava. Daí seguimos, em subida, claro!, até à deslumbrante e exuberante a mata do Bussaco 💚 



Daí, descemos bastante apanhando a EN que nos levou via Mortágua - onde parámos para um café - até Santa Comba Dão, sendo que durante todo esse percurso o céu caiu-nos em cima violentamente.


Regressámos ao carro onde chegámos que nem uns pintos... mas felizes da vida 💚



Percurso do dia: https://www.strava.com/activities/7806668634

Para quando nova aventura?

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